Lucas Prince Games

Em meio a tantos videogames com temática violenta, "LEGO Star Wars" foi pensado para o público infantil, mas sem esquecer dos usuários mais adultos, uma filosofia bem próxima a da Nintendo. Mas, estranhamente, o GameCube foi o único console que não recebeu o game baseado na trilogia de "Star Wars" estrelado pelos brinquedos cabeçudos: o jogo tem versões para PC, PlayStation 2 e Xbox.

"LEGO Star Wars" combina combates com ação de plataformas, de maneira bem lúdica e eficiente, e reproduz personagens, veículos e objetos como se fossem montados com peças LEGO, um dos brinquedos mais famosos do mundo. Aliando leveza e humor, "LEGO Star Wars" é um ótimo jogo para reunir a família e amigos.

Heróis de brinquedo

O enredo do game é baseado na trilogia atual, que compreende os episódios "A Ameaça Fantasma", "O Ataque dos Clones" e o ainda inédito "A Vingança dos Sith". Todas as cenas não-interativas foram recriadas no novo estilo e ganharam uma pitada de humor nas animações. A produtora Traveller's Tales optou por não incluir falas e deixar que as cenas se expliquem por si mesmos, além de se apoiar na popularidade da cinessérie.

Ao entrar no modo principal do game, os personagens montam seu QG na Dexter's Diner, onde podem aprender os comandos básicos, além de fazer compras com o atendente. A lista inclui dicas, personagens e diversos extras, além de uma opção para inserir senhas de trapaças. No pátio, há espaços reservados para os veículos que o jogador adquire durante a aventura.

Do QG, o jogador escolhe uma porta que leva para cada um dos três episódios da série, mas, de início, somente a "Ameaça Fantasma" estará disponível. Mas depois de passar a primeira fase, os outros dois episódios estarão liberados. Existe também uma quarta porta, que guarda alguns extras.

No modo história, um ou dois jogadores lideram um pelotão de personagens, definidos pelo enredo. Geralmente, no começo, somente uma dupla estará à disposição, mas não demorará a encontrar mais personagens pelo meio do caminho. Há uma grande variedade de personagens importada dos filmes, mas suas características podem ser agrupadas em alguns grupos básicos, como, por exemplo, os jedi, que atacam com espadas de plasma e têm o poder da Força, basicamente usados para mover objetos à distância; Amidala e soldados, que usam pistolas lasers e podem usar ganchos para chegar a localidades mais altas; e robôs e andróides, com habilidade de abrir portas.

Uma vez terminada a fase no modo história, o jogador libera o 'Free Play'. A vantagem desse modo é que, como o jogador pode se transformar em outro com um toque de botão, é possível pegar itens deixados pelo modo de história, já que fica fácil escolher o herói que tem a habilidade que a situação exige.

A Força está a seu lado

A gama de quebra-cabeças é bem grande, com dificuldade relativamente baixa, mas sem nunca ofender a inteligência do jogador. A maioria dos desafios consiste em mexer blocos de LEGO e formar pontes e escadas, para que os personagens tenham acesso a novas localidades. Alguns objetos maiores só podem ser deslocados com uma Força maior, papel que cabe ao lendário mestre Yoda, além de outros blocos que só reagem à energia do lado negro.

Aliás, o nível de dificuldade geral, tendo em vista o público-alvo, é bem modesto, mas achar todos os itens não é uma tarefa tão simples assim. Os combates também são simplificados, seja com tiros laser ou com a espada de plasma. Os jedi possuem alguns combos simples e, enquanto executam os golpes, podem refletir os projéteis inimigos. Mesmo se perder energia, não é tarefa complicada achar repositores de vida.

Outro ponto positivo de "LEGO Star Wars" é a quantidade de objetos e cenários interativos. Quase todas as portas e janelas são quebráveis, e, assim como os inimigos, se desmontam como LEGOS. Os objetos liberam moedas, artigo necessário para ressuscitar o jogador. Terminando a fase com uma quantidade determinada, é liberada uma peça de uma nave gigante. Assim, ao mesmo tempo em que dá uma força para os novatos, confere um desafio para os mais experientes.

Como se não bastasse a qualidade da aventura principal, os minigames esbanjam diversão e adicionam mais pontos ao valor de produção. Esses passatempos incluem a corrida de pods de "A Ameaça Fantasma" e a batalha espacial de "A Vingança dos Sith", e teriam causado furor em videogames de gerações passadas. Chegam a ter, por exemplo, a qualidade de um "Star Wars: Episode I: Racer", para Nintendo 64.

Os gráficos são competentes, recriando fielmente o estilo dos produtos originais - filme e brinquedo - e acertando o tom entre personagens, objetos e cenários (que são mais tradicionais). Mas o destaque da parte técnica fica para a trilha clássica do compositor John Williams e os efeitos sonoros, que ficam entre o "realista" e o cômico, tal qual o clima geral do game.

Os controles, apesar de eficientes, sofrem um pouco com a falta de precisão e têm problemas com a interação com os cenários. Algumas vezes, o jogador poderá ter dificuldade em acertar o local exato do salto ou escolher o objeto a ser deslocado pela Força. Além disso, os movimentos de luta carecem de um pouco mais de fluência.

Cenas do próximo capítulo

"LEGO Star Wars" proporciona, guardando as devidas proporções, o espírito de games como "Super Mario 64", acolhendo jogadores de diferentes níveis de experiência e faixa etária. Se, por um lado, é fácil chegar até o final, por outro, conseguir descobrir 100% dos segredos não é tarefa para qualquer jedi. Aliando uma história popular e um brinquedo igualmente clássico, uma combinação que esconde muitas armadilhas, a produtora Traveller's Tales conseguiu achar o ponto de equilíbrio entre o épico e o humor inocente. E a chance de conferir o enredo, personagens e veículos do terceiro episódio, em primeira mão, pode ser um bônus imperdível para os fãs da série "Star Wars".